O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT/RN) e o Tribunal de Justiça do RN (TJRN), promoveu uma reunião interinstitucional nesta quinta-feira (24), em Natal. O encontro teve como pauta a definição de medidas para incluir adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em programas de aprendizagem e cursos de qualificação profissional.
O objetivo da reunião foi formalizar parcerias para a oferta de qualificação e acesso ao mercado de trabalho, considerando as particularidades dos adolescentes do sistema socioeducativo. Como resultado prático, ficou decidida a formação de um grupo de trabalho interinstitucional para elaborar e executar um plano de ação focado na profissionalização desse público.
A iniciativa busca efetivar o direito à profissionalização, garantido pelo artigo 227 da Constituição Federal, que o estabelece como dever do Estado, da sociedade e da família. A inserção desses jovens no mercado de trabalho de forma protegida é vista como uma ferramenta de inclusão social e uma alternativa para a construção de um novo projeto de vida, longe do conflito com a lei.
Durante o encontro, foi apresentado um dado relevante pelo MPT: o Rio Grande do Norte possui um potencial de mais de 2 mil vagas de aprendizagem abertas. Esse número é considerado suficiente para atender, com folga, a totalidade dos adolescentes que se encontram no sistema socioeducativo de internação e também aqueles que estão em unidades de acolhimento, como abrigos e casas-lares, em todo o Estado.
O promotor de Justiça Sasha Alves, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância e Juventude (Caop IJF), destacou a importância da ação conjunta. “O programa de aprendizagem tem um potencial enorme de criar um projeto de vida e uma oportunidade para esses jovens. A reunião foi muito produtiva, com órgãos estratégicos, e o encaminhamento concreto foi a formação de um grupo de trabalho para, a partir de um diagnóstico, montar um plano para abrirmos espaços de aprendizagem, inclusive em órgãos públicos”, afirmou.
Para a promotora de Justiça Isabelita Garcia, a articulação é essencial para transformar a legislação em política pública efetiva. “Garantir a profissionalização é um dever do Estado e da sociedade, conforme prevê a Constituição. Essa iniciativa conjunta é fundamental para transformar a lei em uma oportunidade real, oferecendo a esses adolescentes uma alternativa concreta e digna para que possam construir um futuro longe do conflito com a lei”, disse a promotora.
Como próximos passos, o grupo de trabalho formado na reunião irá realizar um diagnóstico da situação atual. A partir dessa análise, será elaborado um plano de trabalho com metas e estratégias para criar e preencher as vagas de aprendizagem, buscando a colaboração de empresas e também de órgãos da administração pública.
Com a articulação, o MPRN e as demais instituições parceiras buscam garantir que a política pública de aprendizagem alcance de maneira eficaz os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. O trabalho conjunto seguirá com o objetivo de implementar as ações planejadas e assegurar a profissionalização como um direito fundamental para a ressocialização.

