Intenção é replicar projeto na Paraíba
O Núcleo de Apoio à Mulher Vítima da Violência Doméstica e Familiar (Namvid) do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) recebeu visita de integrantes do Ministério Público da Paraíba (MPPB) nesta quinta-feira (26). A comitiva veio conhecer o projeto pioneiro Grupo Reflexivo de Homens, com o intuito de replicá-lo em João Pessoa.
A coordenadora do Namvid e promotora de Justiça, Érica Canuto, apresentou o projeto desenvolvido pelo MPRN desde 2012. A explicação contemplou desde fundamentos, objetivos, metodologia e as pesquisas e dispositivos legais que embasaram a criação do Grupo Reflexivo de Homens, até os resultados alcançados.
“Trabalhamos com a desconstrução de uma cultura porque vemos na prática que a violência de gênero é fundamentada na concepção de que homens e mulheres possuem papéis predeterminados e não podem fugir desse padrão”, contou a coordenadora do Namvid/MPRN, acrescentando que nos cinco anos de atuação já passaram quase 400 homens pelas turmas do Grupo Reflexivo sem nenhum caso de reincidência do ciclo violento doméstico.
A equipe da Paraíba também conversou brevemente com os participantes de uma das turmas atuais do projeto. Para a promotora de Justiça do MPPB, com atribuição em Violência Doméstica de João Pessoa, Rosane Araújo, a oportunidade de conhecer o projeto pessoalmente ressaltou a necessidade da prevenção da violência contra a mulher em três eixos. “Precisamos trabalhar com o agressor, com a mulher e com os filhos, envolvendo a família. E esse projeto comprova a importância da mudança de comportamento para quebrar essa sequência da violência”, relatou.
A intenção, de acordo com a visitante, será apresentar o projeto ao procurador-geral de Justiça do MPPB em busca de apoio da administração para a implementação do projeto em João Pessoa. Firmar parcerias com universidades, no mesmo molde como funciona o Grupo Reflexivo de Homens no MPRN, também será outro objetivo.
“Viemos achando que precisaríamos de uma grande estrutura, que exigiria muitos gastos e nos deparamos com um projeto de simples execução e com resultados fantásticos. Só precisamos de vontade e empolgação para desenvolvê-lo”, completou a promotora de Justiça do MPPB, auxiliar na Violência Doméstica de João Pessoa, Dulcerita Soares Alves.
Ela informou que apenas em João Pessoa tramitam 10 mil processos de violência contra a mulher e que, diante desse quadro, é preciso trabalhar a conscientização para mudar a mentalidade dos homens. “É ineficaz ficar apenas na judicialização”, acrescentou. A equipe paraibana que veio fazer a visita também contou com a participação da assessora Laureonila Nunes.
Grupo Reflexivo de Homens
O grupo venceu o Prêmio do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) 2016 na categoria “Redução da Criminalidade” e é objeto de estudo de pesquisas de mestrado e de doutorado.
Além disso, tem realizado capacitações com municípios no interior do Estado e instituições que desejam replicar o projeto. Já foram 23 municípios capacitados pelo Namvid no Rio Grande do Norte. Entre os Ministérios Públicos Estaduais, alguns já fizeram visitas e formaram grupos reflexivos, a partir da experiência do Namvid, a exemplo de São Paulo, Bahia e Piauí. No mês de novembro, será o MP do Maranhão.
O alvo do projeto são homens que respondem a processos judiciais envolvidos em contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, encaminhados pelo Poder Judiciário. São formadas turmas com até 15 homens, que participam de 10 encontros com a equipe do Namvid. Cada encontro tem a duração de duas horas, com rodas de conversas, apresentações de filmes, realização de dinâmicas e muito estímulo à reflexão e compartilhamento de experiências.
Seis meses após a finalização de cada turma, a equipe do Namvid contata as mulheres e os homens isoladamente e depois vai até a casa da família para verificar os reflexos do trabalho que foi feito a partir do projeto.
