Depois de fazer inspeção na clínica psiquiátrica, MP pede que os 100 leitos do SUS sejam descredenciados por falta de condições para atender aos pacientes
A Promotoria de Defesa da Saúde recomendou o descredenciamento gradual dos 100 leitos do SUS que funcionam na Clínica Santa Maria. A Promotora de Justiça Kalina Figueira tomou a decisão depois de realizar uma inspeção, acompanhada do Conselho Regional de Medicina e do Conselho Regional de Enfermagem e verificar a falta de condições de atendimento aos pacientes. O Conselho Regional de Medicina fez a interdição ética da clínica.
Na visita foi constatada precariedade em vários setores. Tanto na ala masculina, quanto na feminina, os colchões
estão em péssima qualidade, rasgados e finos. Os lençóis resumem-se a um pedaço de pano que cobre os colchões rasgados. Em algumas camas tem até cupim. Os quartos são escuros, sem ventilação, não tem acesssibilidade e exalam forte cheiro de urina.
No pronto-socorro não tem a medicação de urgência e emergência adequada. Há um AMBU com cânula nº 07, entretanto o material de entubação está sem pilha. A visita médica não é diária, assim a medicação é repetida sem prescrição. A limpeza da clínica também é deficitária. O refeitório central, que estava sujo, é higienizado pelos funcionários que preparam a alimentação. As pias dos banheiros não tem água, sabão e nem papel. No pátio onde é feito o banho de sol, pacientes ficam sentados no chão, por falta de bancos e no mesmo local, há lixo acumulado.
A equipe que fez a inspeção, composta pela Promotora de Saúde, Kalina Filgueira, Promotora do Idoso, Iádya Gama Maio, pela presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Alzirene Nunes de Carvalho, e pelo conselheiro do Conselho Regional de Medicina, Edilson Pinto, constatou também que há diferenças de condições entre a ala dos pacientes particulares e a dos pacientes do SUS. As acomodações são melhores e o cardápio é diferente. Há atualmente de 10 a 12 homens e 5 mulheres internados na ala de pacientes particulares. Enquanto na ala dos SUS há 61 homens e 34 mulheres, inclusive há informações de que existem pacientes internados há 15 anos. A recomendação do MP é para que a clínica faça o descredenciamento gradativo do Sistema Único de Saúde.